BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
__________________________________________________________________

sexta-feira, 25 de abril de 2008

AVALIAÇÃO DE PROFESSORES - OPINIÃO DE NUNO CRATO


Quanto à política educativa, faz alguns reparos e considera que a tutela tem revelado falta de tacto para resolver conflitos.Na sua opinião, o sistema de avaliação que é proposto pela tutela pressiona a inflação das notas. O que poderá facilitar a transição de ano de alunos que deviam ficar retidos. Nuno Crato, professor de Matemática e Estatística do Instituto Superior de Economia e Gestão, defende um processo de avaliação externa que registe resultados e regule a actividade educativa. O docente afirma que é uma "situação absurda" os estudantes não serem avaliados externamente durante o percurso escolar obrigatório.
A política educativa tem vindo a gerar uma onda de descontentamento. Quais os pontos que, na sua opinião, a tutela devia rever e alterar?
NC: São tantos! A actual equipa ministerial pegou em alguns pontos importantes, mas tem ignorado outros. E, mesmo tendo razão em muitas decisões administrativas que tem tomado, tem tido uma notória falta de capacidade para gerar consensos. É mais do que falta de tacto, parece vontade de criar conflitos.Uma das questões essenciais em que discordo da política ministerial tem sido nas orientações educativas e pedagógicas. Em vez de rever um passado de facilitismo, o Ministério tem promovido a revisão de programas continuando a velha política de simplificação de conteúdos. Outro dos aspectos de que discordo é a falta de avaliação. Alguns exames acabaram (nos cursos tecnológicos) e mantém-se esta situação absurda de os alunos não serem avaliados externamente durante todo o percurso escolar obrigatório. Só no 9.º ano têm dois exames, apenas dois, a Matemática e Português, e valendo apenas 30% da nota final.
Os poucos exames que temos são de uma facilidade extrema e os critérios têm variado de ano para ano, de forma que os resultados não são comparáveis. Os progressos que se anunciam não são progressos, ou não se sabe se são, pois não há critérios para os medir.
E: A avaliação dos professores proposta pelo Ministério da Educação está bem planeada? Quais os aspectos que destaca?
NC: Acho que há um erro base: não se pode avaliar os professores sem avaliar o resultado do seu trabalho, ou seja, sem fazer exames externos aos alunos. O sistema de avaliação proposto constitui uma pressão para que os professores inflacionem as notas e passem alunos que deveriam ser retidos. Sem um processo de avaliação externa que registe os resultados e regule a actividade educativa, tudo isto pode ser muito grave.
E: Há algum tempo disse que a formação, selecção e promoção de professores não privilegiam o conhecimento das matérias, a capacidade pedagógica e o mérito. Continua tudo na mesma?
NC: No que se refere à formação de professores, a situação varia muito consoante as escolas. No que se refere à selecção, esperemos que venha a mudar com o exame de entrada na profissão, que a Sociedade Portuguesa de Matemática tem vindo a defender há quase uma década. No que se refere à avaliação, há uma tentativa de mudar, reconheça-se. Mas sem exames externos aos alunos a avaliação dos professores é muito difícil, como disse.
O novo Estatuto do Aluno está desenhado para combater o insucesso e abandono escolares?
NC: Não. Acho o novo Estatuto um passo em frente demasiado tímido, em alguns casos até um passo atrás. Tudo está a ser posto em causa agora depois dos acontecimentos na Secundária Carolina Michaëlis.
O novo regime de faltas dos alunos contribuirá para a diminuição dos casos de indisciplina?
NC: Acho que não, de forma alguma.
Que análise faz do protesto dos professores de 8 de Março? Foi à manifestação?
NC: Não fui à manifestação, mas percebo que os professores se sintam revoltados e rejeitem serem vistos como culpados de todos os problemas.

Sem comentários: